Vergonha Gospel

Ontem estive na rua Conde de Sarzedas, conhecido centro de lojas de produtos evangélicos em SP. Gosto muito de ir lá ver as novidades, lançamentos e tal. Mas tem algo que acontece nas calçadas daquela rua que me incomoda. Como alguém tem coragem de se dizer cristão vendendo CDs e DVDs piratas na maior cara de pau?

A cena é a seguinte: Uma pessoa diante de uma pequena mesa dobrável, transbordando de envelopes de plástico com discos ilegais. Por que ilegais? A pessoa pegou um CD ou DVD que custou muito para o artista/gravadora e reproduziu de uma forma mais “caseira” para vender e ter seu lucro próprio. A pessoa te chama: “A paz irmão! Qual DVD o irmão procura? Shows? Pregação?”. Que vergonha Gospel! (hoje tudo é gospel, até fazer pirataria!).

Já gravei CDs e já participei de produções de CDs de diversos artistas gospel conhecidos do grande público. Os custos e o trabalho pra se fazer uma música de 5 minutos são enormes! Um filme então? Nem se fala! Tudo envolve muito dinheiro, profissionais, meses de trabalho (ou até anos), para acabar na barraca de um oportunista vendendo a “5 contos” ou 3 por 10!

Voltando ao dia de ontem, em uma das barracas vi uma família, pai, mãe e filho escolhendo os DVDs de louvor que iriam levar para casa. Um ótimo exemplo que deixaram para o filho de como sustentar um crime. Não os conheço, mas será que eles iriam usar os DVDs na casa, ou levar nos eventos da igreja deles… A mente já esta cauterizada quanto ao uso de produtos piratas.

Não é crime nem pecado você reproduzir um CD e dar para um amigo por exemplo. Sem envolver lucros (não estou falando também de fazer um monte de cópias e sair distribuindo por aí! rs). Na minha opinião para um artista que tem como ambição divulgar o evangelho, isso é ate bom. Já vi muitos cantores e autores até incentivar isso. Lógico que é mais apropriado que comprem um original que abençoe o ministério, mas se a copia gratuita acontecer, no meu ponto de vista não tem problema algum. Mas se você se apropria do projeto, se acha no direito de fazer cópias e vender obtendo lucro em cima, aí é bem complicado.


Precisamos acabar com essa cultura de que pirataria é algo normal. Repito, pirataria é uma coisa, copia para um amigo é outra. Claro que existe muito discussão por aí sobre isso, quais os limites, etc. Mas no meu ponto de vista essa distinção é importante. Ouvia-se falar que as gravadoras evangélicas (ou que trabalham com produtos evangélicos) conseguem resistir melhor à pirataria porque os “crentes” não consomem em sua maioria esse tipo de produtos ilegais. Mas parece que essa afirmação pode ter os dias contados se a gente não se conscientizar desse normalidade que está fazendo morada em nossa mente.

E agora? Ja comprei um piratão do ministério X. O que fazer? Vou para o inferno por causa disso? Claro que não. Talvez você não tenha condições de  comprar um original agora. Mas se mais pra frente você tiver condições e puder abençoar o ministério do artista em questão, faça isso e compre a copia original.

Pense nisso! Não quero levantar uma verdade absoluta, mas a pirataria no meio evangélico é um problema que prejudica muita gente e nós precisamos pensar a respeito! Digo nós porque não estou aqui para apontar o dedo, mas me incluo nisso também para aprender junto!

Ricardo Costa